quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

O terramoto de 1755


Lisboa acordou a 1 de Novembro de 1755, de modo sereno e preparou-se para celebrar o Dia de Todos os Santos. A cidade era então muito diferente do que é hoje e muito mais pequena. Na zona da Baixa, as ruas eram estreitas, de traçado medieval, onde existia uma azáfama constante de mercadores e artesãos.
Lisboa era um importante porto marítimo e a cidade estava centrada na sua zona ribeirinha.
Existiam edifícios imponentes como o Paço Real, o Hospital de Todos os Santos, o Teatro da Ópera, a Igreja Patriarcal de Lisboa.
Imaginemos como estariam as Igrejas nesse dia, repletas de pessoas, tapeçarias e com velas acesas. Ninguém ainda imaginava o que iria acontecer, apesar de se terem sentido pequenos sismos pouco antes e ainda existir a memória do grande sismo de 1531 transmitido pelas histórias dos antepassados.
O dia
Cerca das 09:40, acontece o terramoto: primeiro ouve-se um barulho descrito como o de um trovão por alguns sobreviventes, e a terra parece atravessada por uma onda. Os edifícios começam a balançar de um lado para o outro e alguns desmoronam-se. Os abalos sucedem-se um primeiro abalo vertical e outro horizontal. Os dois abalos não duraram mais do que um minuto e meio, mas depois de um minuto de intervalo, um novo abalo mais violento, prolongou-se durante dois minutos e meio. Após um minuto de intervalo surgiu um terceiro abalo que durou mais três minutos. Durante este período de nove minutos o rumor subterrâneo fez-se ouvir.
Enquanto os edifícios abanam violentamente e começam a desmoronar-se, surgem os incêndios, que entretanto deflagraram devido a fogões acesos nas casas, e a velas caídas nas igrejas. Também o sistema de iluminação a azeite, existente na época agravou esta situação. Este incêndio durou cinco ou seis dias.
Qual foi a magnitude do sismo?
Segundo estudos realizados, pensa-se que a magnitude terá sido cerca de 9 na escala de Richter. Há cientistas que referem que este foi o maior sismo de sempre.


Que danos provocou este sismo?
Lisboa era na época uma cidade muito populosa, (entre de 160.000 a 200.000 habitantes). De acordo com estimativas terão morrido cerca de 20.000 pessoas.
Os danos materiais e culturais foram imensos: desapareceram 55 igrejas, a zona portuária da cidade e muitos barcos que aí se encontravam ancorados e a zona entre as duas grandes praças de Lisboa, Rossio e Terreiro do Paço foram inteiramente destruídas. Bibliotecas inteiras arderam e perdeu-se um património cultural, artístico e histórico riquíssimo.
O Tsunami
Mas não aconteceu só a derrocada de edifícios e incêndios. O sismo gerou um Tsunami ou Maremoto. Toda a parte baixa da cidade de Lisboa foi inundada, tendo-se registado ondas de 4 a 6 metros de altura, que penetraram cerca de 250 metros dentro da cidade. Só não provocou mais danos, porque o relevo acidentado da cidade o impediu. O Tsunami foi sentido em toda a costa portuguesa.


 



Por tradição continuamos a chamar Terreiro do Paço à Praça do Comércio. Apesar de não ser este o seu nome, antes do sismo de 1755 estava aí instalado o Paço Real. Quando o Marquês de Pombal procedeu à reconstrução de Lisboa, decidiu fazer dessa zona um espaço para ministérios, bolsa, e outras entidades ligadas ao comércio. Agora de real, só tem a estátua de D. José I, mas para muitos continua a ser o Terreiro do Paço.
Depois do tremor de terra de 1755, o rei D. José I, nunca mais quis morar em construções de pedra e optou por morar numa habitação de madeira provisória na Ajuda.


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